sábado, 29 de agosto de 2009

CAPITULO 1 - Dorotéia

Inventar estórias sempre foi um dos meus grandes prazeres. Pequena, com a leitura ainda precária, maravilhama-me com a possibilidade de ouvir os contos de fadas clássicos narrados por meus pais. Agora, peço a sua ajuda, ilustre leitor, com sugestões de títulos para o conto abaixo, que será dividido em alguns capítulos.

A chuva fina e o chão escorregadio obrigavam Dorotéia a locomover-se com cautela. Seus passos rápidos e curtos pareciam determinados em direção ao destino escolhido.
Um comprido vestido surrado, um chalé encardido e uma bolsa levemente comida por traças compunham o visual andrajoso da mulher. Seus cabelos grisalhos mostravam-se desgrenhados e por muitos dias a lavar. Seu rosto paradoxal revelava por ora confiança dos seus atos e por outro lado apreensão do que estaria por vir.
Pensava nas conseqüências, no destino e no desenrolar da história.Talvez houvesse outro meio, outra forma para as coisas acontecerem. Talvez não fosse tão complicado quanto parecia...Não! Precisava dar um fim nisso, era necessário que tudo acabasse, pois sua vida dependia disso, ou até mais de uma.
O que faria? Se estaria fugindo ou perseguindo alguém, eram perguntas que não poderiam ser respondidas.


continua

Camila Marinho

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Ancestrais de Minni

- Voltando aos casos de família, e a maioria, tratando-se da minha família, são cômicos! Acredito, porém, que mais importante do que relatá-los, é perceber o que eles nos proporcionam. Eu, particularmente, adoro todos os momentos em família (claro que não as brigas! ¬¬) e não tenho nem um pouco de vergonha de dizer isso. Não os troco por nada! Nada mesmo (muitos, acredito que todas as pessoas que me conhecem, sabem disso!), como já me disseram e ainda dizem: "coisas de prioridades".
Quem não gosta de momentos em família? Almoços de domingo (ultimamente também aos sábados...), jogos do Brasil, Natais, Anos Novos, aniversários, teatros, cinemas, pizzas, enfim! Todos esses momentos!
É sempre maravilhoso compartihar esses momentos de alegria com pessoas que nos viram crescer, ou ainda aquelas que nós estamos vendo crescer (afinal, deixei de ser a caçula em alguns momentos!), que estão escrevendo sua própria história.
São nesses momentos também que podemos perceber a importância dessas pessoas em nossas vidas. São nesses pequenos detalhes que sentimos o quanto elas nos fazem bem, o quanto elas prezam por nós. Resumindo: o amor nesses momentos é mais perceptível do que nunca.
E então, ao sentirmos todo esse amor, vem o medo de perder. Perder essas pessoas queridas, não apenas para a morte, mas também para a rotina. A rotina traidora, que inserimos em nossa vida em troca da tão sonhada independência. Muitas vezes nos enganamos ao pensar que sair de casa é se afastar da família, e é uma grande vitória da liberdade. Grande engano! Pura ilusão! (Tudo bem que ainda não passei por essa situação, mas minha opinião se consolidou apenas em observar situações semelhantes...). Sair de casa é sim algo que faz parte do "roteiro de vida" de todos nós, não sou contra isso! Jamais diria isso! Afinal também tenho meus anseios. Mas não concordo com o afastamento repentino e desnecessário que certas vezes acontece.
Mas voltando ao medo, no fim das contas, acho que o medo é meu. Apenas meu. Não sei se é de todos, mas meu, com certeza é! Tenho medo de perder aqueles pequenos detalhes do cotidiano, deixar de ter algumas imagens comigo todos os dias, como Minni lutando, sofrendo (a seu modo) por um mero pedaço de banana; ou ainda as maluquices de meu querido e minha adorada, regadas a risos incontroláveis meus e de minha mãe. Sei que chegará o dia em que não poderei mais correr durante a noite em busca de um lugar seguro ao lado de meus pais; o dia em que não ouvirei os diálogos noturnos de minha adorada e ouvir coisas do tipo "eu estou vendo os ancestrais de Minni" e mesmo dormindo, ser capaz de respondê-la. Um dia não haverá mais domingo para arrumar a casa ao som de uma trilha sonora escolhida por mim, quase sempre músicas antigas, ou o dvd de Vanessa da Mata...
Por fim, posso concluir que esses momentos de reflexão com pitadas de melancolia fazem parte da minha personalidade. Porém, depois da melancolia é como se aparecesse uma luz no fim do túnel, ou uma lâmpada se acendesse perto da minha cabeça (como nos desenhos animados) e percebo que tenho uma alternativa: viver o presente! Pensar no futuro é claro, mas sem ter medo dele, afinal ACHO que já passei da fase do Bicho Papão!


Amanda Palma



sábado, 20 de junho de 2009

Viva a falta de educação!

- Claro que eu não poderia deixar de comentar sobre o ocorrido na última quarta-feira. Por oito votos a um, foi oficializada a desvalorização da profissão de jornalista. Se antes já não davam valor (sim, não nos valorizavam não! Quem nunca disse: "ah! Aquele jornalista! Esse pessoal não tem escrúpulos mesmo! Não respeitam a privacidade de ninguém!" mesmo que estivesse morrendo de vontade de saber mais detalhes sobre tal acidente? Saber das mortes, principalmente? Afinal, o povo brasileiro tem uma curiosidade mórbida!), agora já se pode rebaixar a profissão sem receios.
Acredito que uma das piores partes dessa história (não que eu consiga ver algo de bom nisso tudo), é que essa decisão foi tomada por ministros, que não possuem graduação em jornalismo (todos eles são bacharéis em Ciências Jurídicas). Ou seja, eles interferiram em um setor que não vai atingi-los diretamente (ou atingiu, talvez eles tenham sido beneficiados de alguma maneira, que não pode ser divulgada), não colocaram em risco o mérito de sua profissão.
Acho incrível essa capacidade que as "autoridades" desse país têm de tornar a educação cada vez mais dispensável. Em uma realidade que sobram vagas por falta de candidatos aptos a ocupá-las, é cabível o "Supremo" Tribunal Federal ser conivente com uma situação dessa? E não vai parar por aí, o ilustríssimo Gilmar Mendes já declarou que a obrigatoriedade do diploma será analisada também em outras profissões.
Com a exigência do diploma, já existem muitos profissionais medíocres, sem ela, será ainda pior. Acredito que chegará o dia em que não será mais necessário cursar o ensino superior para ser médico ou advogado (ditas profissões de "elite"). Sim! Já imaginou ir ao hospital e ser atendido por alguém que não tenha passado quase dez anos estudando medicina?
Talvez aprovar essa decisão seja até bom. (Não, eu não estou doida, apenas revoltada!) Sim, seria bom! A grande massa que compõe a classe dos desempregados por falta de qualificação profissional estaria com os dias contados, e poderia ser convocada para resolver um dos problemas da saúde pública: a falta de médicos!
Aí ficaria tudo bem... Tudo seria resolvido facilmente! Colocaríamos os "futuros doutores" dentro de um hospital para aprenderem tudo na prática! Apenas na prática, sem nenhum embasamento teórico! Olha que maravilha! Se o número de erros médicos provenientes de profissionais diplomados já é assustador, é melhor nem imaginar o que poderia acontecer sem o diploma...
E aí? Você aceitaria ser atendido por alguém que nunca pisou em uma faculdade de medicina? Então por que deve aceitar o jornalismo feito por pessoas que nunca frequentaram um curso de comunicação?
Ninguém é proibido de escrever, nem de apresentar algum programa na televisão ou no rádio (até porque jornalismo não se resume a isso), mas só por causa disso, considerá-lo jornalista é uma falta de senso, diria até falta de responsabilidade.
Há quem diga que nada vai mudar após essa decisão, que ninguém que seja dono de veículo de comunicação de credibilidade, vai contratar alguém que não tenha graduação. Concordo em parte. O que me preocupa realmente é a credibilidade da minha profissão, já consigo me imaginar no futuro, sendo questionada se fiz faculdade ao afirmar que sou jornalista.
Se você está se perguntando: 'então por que ninguém fez protestos contra essa determinação do STF?', a resposta é bem simples: houveram manifestações sim, principalmente de graduandos em jornalismo, mas não foi nada que despertasse o interesse da mídia (principalmente televisiva) para haver divulgação, afinal foi o próprio Sertesp (Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo) que entrou com o recurso para o fim da exigência do diploma. E infelizmente não há nada que a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) possa fazer. Vamos agora aplaudir de pé o retrocesso que estamos presenciando?
Deixo aqui a minha revolta, o meu manifesto.

"Apesar de você, amanhã há de ser outro dia..."

Amanda Palma


sábado, 13 de junho de 2009

Talvez...talvez eu te odeie mesmo!




_Por que você me odeia tanto?

_...quem te disse isso?

_Ta na sua cara , você me despreza , me humilha , você me odeia Thiago!

_Eu?

_....não , sou eu , eu que te odeio!

_Você me odeia?

_Você é idiota?

_Você me acha idiota?

_Não , você que me faz de idiota

_Então você não me acha um idiota?!

_Não! Quer dizer...sim! sim! Eu acho você um super i-di-o-ta

_Eu não te acho idiota.

_não ...(riso de canto de boca)

_não!mas tem a parte do “odeio”

_você me odeia????

_talvez...

_talvez?como assim talvez?odeia ou não odeia...e pronto!

_você sempre fala “e pronto”

_qual o problema com o meu “e pronto”?

_sei lá , acho tão definitivo, incisivo....

_ ...

_o que foi?

_ não falo mais nada

_por que?

_ por que eu n quero mais falar com você , não vale a pena...

_eu não valho a pena?



_porque você me odeia tanto, Marília?

_eu?

_é!

_por que você acha isso???

_da pra perceber ,ta na sua cara!!!!

_...
nunca daremos certo

_porque?

_porque nos odiamos!

_é ...

_então você admite que me odeia!

_te odeio ...você me confunde , me faz ser quem não sou ,monopoliza os meu pensamentos

_....
Que lindo...

_eu ?

_ahgg , que ridículo!!

_.....

_....

_hum...

_hum o que?

_eu te amo

_ ...
_ muito ...
_eu também te amo Thiago

_Será que ficaremos juntos pra sempre?!

_(suspiros, coração batendo forte , emoção , felicidade extrema!!!)
Acho que sim Thiago ,acho que sim...

CAMILA MARINHO

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Saudades (?) da Amélia...

- Nunca tinha percebido o quanto a música “Ai que saudades da Amélia” é preconceituosa. Depois de ouvir pela milionésima vez no último mês é que percebi o lado “maligno” da música. Foi aí que diversos questionamentos passaram por minha cabeça. Será que a música só fez sucesso por que a sociedade era tão machista? E o pior: por que nós, mulheres, cantamos essa música? Concordamos com esse pensamento machista e atrasado?
Depois de presenciar duas cenas terríveis numa noite de quinta-feira quando estava a caminho de “um momento cultural” – uma jovem sendo arrastada por dois homens e sabe-se lá o que eles iriam fazer com ela depois; e um homem beijando uma mulher à força – fiquei em dúvida sobre a veracidade do estereótipo da mulher moderna que não é submissa.
Cheguei ao ponto de questionar até o meu comportamento. Eu fiquei pensando na maneira que eu falo, o jeito de me vestir e tudo mais. Aí cheguei a uma conclusão: não sou eu que estou errada! Tenho plena consciência do meu papel na sociedade, sei que não devo me submeter a certas situações, então me tranqüilizei (ou pelo menos, tentei).
Passei a ver Amélia com outros olhos, não mais como escrava de um homem, mas sim uma mulher que estava adequada ao seu tempo, encaixada perfeitamente no padrão da época (da música). Que aceitava tudo o que lhe era oferecido, sem questionamentos. Comparei então, Amélia àquela mulher que era beijada à força. O homem não parecia ser um desconhecido da vítima, ou seja, ela também de certa forma estava “aceitando” o comportamento dele. Seria ela também uma Amélia?
Acho que os compositores falharam um pouco quando disseram “ai que saudades da Amélia”, saudade se sente quando não se tem algo ou alguém por perto e na minha concepção ainda existem muitas Amélias por aí.

Amanda Palma

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Em construção

Quando pensava não mais existir amor nesse mundo, me aparecem duas almas amigas que em pouco tempo estarão sendo alimentadas por essa palavra de quatro letras.
Ainda não passaram pela puberdade amorosa e eu estou tendo a sorte de poder acompanhar tudo do começo; quando tudo o que o outro diz soam como poesia, quando cada olhar faz seu coração bater mais acelerado e quando cada toque é transformado num arrepio que percorre todo o corpo.
Eu, que sou uma otimista, nunca pensei que as consequências de um coração partido pudessem ser tão devastadoras: depressão e 8 meses de um silêncio triste e poético que faria Chaplin aplaudir de pé. 1 ano de terapia e 3 mensagens de texto depois os laços de amizade foram restaurados para logo depois serem desfeitos, como no corte seco e fatal da navalha; um corte que cicatrizou, mas que já dura mais 3 meses. Tudo isso me fez perceber que devemos nos cercar das pessoas que nos querem bem e que nos fazem bem. Pessoalmente eu odeio ‘O Segredo’, um dos motivos é que para atrair coisas boas não é necessário pensar em coisas positivas, afinal as melhores coisas acontecem quando se menos espera; como amigos pra todas as horas ou o início de uma grande história de amor.
Eu sou otimista, mas por 2 meses esqueci disso. Ainda estou chocada que algum dia fui a pessoa que deixou de acreditar na bondade do ser humano, que pensou que ninguém era digno de confiança. E como já dito no parágrafo anterior, quando menos esperei fui apresentada a mais um capítulo da minha vida: novos amigos. E pouco tempo depois vi o começo de uma história de amor, ainda muito cedo para ser chamada de grande, mas que já provou ser capaz de superar obstáculos.
Quando pensava não mais existir amor nesse mundo, duas pessoas provaram que eu estava errada. Mas tenho que lembrar somente de esperar o inesperado. Como diz John Mayer :

“I'm done with broken people This is me I'm workin’ on Good love is on the way I've been lonely but I know I'll be ok”

(Eu estou cheio de pessoas tristes/Este sou eu/Estou melhorando/Um amor bom está a caminho/Eu tenho estado sozinho, mas eu sei que ficarei bem)


texto concedido por Carol Patriarca
(amiga , futura jornalista e ótima motorista - com emoção!)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Amor e Tatuagem


Qual a ligação entre amor e tatuagem?

Qual é a ligação entre amor e tatuagem?
As máximas possiveis!

A tatuagem representa a concreta ,aparente expressão do ser ,transposta ao objeto ( o que se representa à vista) a ser desenhado para si, tu ou alguém.

A tatuagem ultrapassa o muro da estética visivel para expressar o amor de outrem com o mundo.Nas entrelinhas que a compõe a marca torna-se uma fotografia universal.

O que faz uma pessoa tatuar referências de outra na propria pele?O amor.Em uma de suas infinitas facetas.A tatuagem é sacrificio ,vitrine significando uma das maiores declarações sentimentais ; como o amor, que experimentado uma vez permanece cravado na superficie da alma .E quando este acabar?bom,geralmente a tatuagem também "desaparece" ou sofre mutações que podem ser (simplesmente ) sobre a vida ou a nova projeção amorosa.

O amor flutua unipresente para ser saboreado e ,quem sabe,tatuado.

As palavras do célebre Vinícius de Moraes são claras "que seja infinito enquanto dure".


Camila Marinho

sábado, 25 de abril de 2009

E o cágado fugiu...

- Ultimamente “amadurecer e envelhecer” têm sido temas constantes na minha vida. Acredito que as várias mudanças que ocorreram nos últimos tempos tenham me feito refletir bastante sobre essa história de “amadurecer”. Sempre pensei que seria uma mudança radical e que eu estaria completamente diferente quando isso acontecesse. Hoje, vejo que não.
Amadurecer é complexo. E muito! Não é simplesmente ver o mundo de outra forma, é conseguir perceber as transformações que acontecem ao nosso redor e sentir que as mesmas interferem no íntimo. É realmente saber estar aberto a aprender, disposto a conhecer outras pessoas, principalmente as que se apresentam bem diferentes de nós e que já estabelecemos certo preconceito. Ter entusiasmo em superar as barreiras que nos prendiam em nosso universo pré-estabelecido.
Além de tudo disso, estar disposto também a conhecer melhor aqueles que nos rodeiam há tanto tempo, que sempre fizeram parte de nossas vidas e que julgamos imprescindíveis para a nossa existência. Com as mudanças vindas com o tempo é essencial ver essas pessoas sob um novo olhar. Aí se faz necessário usar “esse amadurecimento” para conseguir compreender uma das fases mais difíceis da vida: envelhecer.
É incrível o quão complicado é aceitar a velhice. Por mais que se recriminem todos esses casos de violência na mídia, ninguém consegue enxergar a violência psicológica que é quase sempre comum em muitas famílias.
Admito que não é nada fácil conviver com idosos, mas quem são eles se não nós mesmos um pouco mais a frente? É complicado entender essas mentes desgastadas pelo tempo, muitas vezes atormentadas por remédios e, claro a teimosia que nos acompanha durante a vida e tem seus ápices na infância e na velhice.
Nada pior que a impaciência para lidar com a teimosia...Tudo se torna irritante, qualquer suspiro, qualquer palavra e quem sabe até o pensamento.
Assim, a convivência para alguns é insuportável e nada que o idoso diga tem valor, simplesmente porque às vezes a memória trai, as histórias se confundem quando contadas aos seus descendentes – eu, por exemplo, ouvi recentemente que os cágados (que na realidade morreram), personagens de um “causo” familiar, ganharam um novo “destino” na mente da minha querida: para ela, eles fugiram pelo portão e desceram a ladeira...
Acho que eles devem ter fugido mesmo, levando consigo a tolerância e a coragem de admitir que todos nós estamos ficando velhos.

Amanda Palma

Ps.:A música diz tudo: "Queria ter aceitado as pessoas como elas são".



quarta-feira, 22 de abril de 2009

divagações...

Desejos suicidas atormentam estranha parte de mim. Não o consciente ou racional , nem me dominam por completo.Plantou-se numa região perdida,quase subterrânea ,talvez no centro ,porem tão comprimido que resume-se apenas a obtusa sensação covarde , sentenciosa , mister...

E como DOI!Sente - se na alma, nos ossos , no ventre murcho ,na voz interrompida.
Sente - se nos calcanhares descalços ,na epiderme ferida e no fundo dos olhos .
Não há culpa , não há ação ,não existe algoz ; somente a angustia,por vezes a cólera ,por vezes , simplesmente , o calar de boca.

Camila Marinho

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Pequena confissão...

- Parece que enfim, a estabilidade chegou. Depois de oscilar entre tristeza e felicidade por tanto tempo, agora a felicidade floresceu como nunca antes tinha acontecido. E é incrível que nesses momentos, as músicas do rádio que chegam aos ouvidos parecem ter sido programadas, conseguem dizer tudo, traduzir cada pensamento, cada vontade e até mesmo o olhar.
Todas as sensações parecem se duplicar e tudo fica mais intenso. Até mesmo a janelinha do msn traz felicidade: tem alguém ali que está lhe chamando, que quer a sua presença e isso tudo faz um bem enorme... Sem deixar de citar também a felicidade e a festa da minha linda cachorrinha quando se chega em casa..(inclusive a música é em sua homenagem, Minni!)
Pode-se até ter a ousadia de discordar do grande Vinicius de Moraes (e Tom Jobim também!): tristeza tem fim e a felicidade pode sim ser plena...
E tanta felicidade assim faz até a gente ficar meio besta, se sentindo um pouco idiota por ficar mais feliz por qualquer coisinha, até uma flor brotando parece transmitir algo bom. Aí a vontade que dá é de sair pulando por aí, distribuindo sorrisos a todo mundo, até para quem é um pouco (ou muiiito!) chato às vezes... sair por aí como as borboletas que voam exibindo sua graça, suas cores magníficas, exaltando a sua liberdade encantadora... Ah! Como é bom estar feliz!
Amanda Palma

sexta-feira, 17 de abril de 2009

conto : LOCUTOR



Todas as madrugadas era a mesma coisa,os moradores da casa iam dormir e Lara ficava acordada para escutar “romântica madrugada”,programa de rádio que passava nas alvoradas semanais com o locutor Sergio Meneses.E era justamente por causa dele que Lara acordava com olheiras,morta de sono e sem nenhuma disposição para estudar.Adorava aquela voz,a forma como parecia que ele falava com ela e só pra ela,e enquanto ouvia as músicas imaginava as características de um homem com voz tão forte,mas ao mesmo tempo doce, grave,talvez sexy e extremamente penetrante.Ah se ela pudesse,viveria só para escutá-lo ,todas as horas,os minutos e os segundos do dia,pena que todas as vezes que abstraia-se em devaneios,sua mãe a puxava de volta ao mundo real.

“ta fazendo o que ai menina?”perguntava ela quando levantava da cama para ir ao banheiro

“nada mãe,só estou ouvindo um pouquinho de musica,pra relaxar.”

“desliga isso criatura,ta tarde.Amanha não vai querer ir para a escola.Quando eu voltar do banheiro quero você já no quinto sono”finalizava a mãe com certa impaciência na voz.

Nesse momento,Lara desligava o rádio e ia dormir,dependendo do dia ate chorava por não ter escutado o programa até o final,mas não desistia porque sabia que no outro dia ouviria “romântica madrugada”.
Na manhã seguinte ficava conversando com as amigas isso e aquilo do locutor Sérgio Meneses, davam mil e uma características. Umas diziam que ele era alto,olhos verdes e cabelos penteados para trás com gel,já outra descrevia um Sergio Meneses total mente diferente,de cabelos cacheados,moreno e olhos castanhos , forte e de estatura mediana.Lara também imaginava como ele poderia ser,já imaginou de varias formas,em sua cabeça existiam muitos sergio’s,dependia do dia ,do momento e da musica.

Um dia Ró ,sua amiga de muito tempo,lhe deu uma idéia, ligar para o programa e conversar com o locutor,Lara achou a idéia interessante;no começo um pouco tímida , mas depois passou a ligar quase todos os dias.Em principio só pedia musicas,e depois foram as indiretas,dizia que era para uma pessoa muito especial de belíssima voz ,enfim, trocaram telefones(celular)até que abriu o jogo e eles marcaram um encontro.

Passada uma semana finalmente encontraria um homem totalmente desconhecido mas ao mesmo tempo tão familiar.Pensava mil coisas de uma só vez,que ele poderia ser bem mais velho , a chamasse de “pirralha” ou coisas do tipo.Porém , lembrava-se da voz tão educada e doce que conversara algumas vezes ao telefone e esquecia todas as besteiras da sua cabeça.Combinaram o encontro em uma lanchonete famosa no centro da cidade,bem bonitinha,porém seus amigos pouco a freqüentavam(melhor assim).Ele iria de calça branca e blusa vermelha e ela de vestido floral.Não queria mais informações,contava com a surpresa e a sorte.

Ao descer do ônibus fez o sinal da cruz,nunca fazia isso,nem acreditava nessas coisas de igreja e religião,mas sentiu vontade e fez!Entrou na lanchonete no horário pontualmente marcado;passou o olhar em todas as mesas a procura de um homem de blusa vermelha e calça branca,viu um com esses trajes que parecia ser o gerente do lugar,um outro baixinho sem graça que estava sentado no balcão e por fim um homem que já estava acompanhado,”então”, pensou Lara ,”Ele ainda não chegara”.Resolveu sentar-se em uma mesa no canto com vista para a entrada podendo ,assim, ver melhor seu ídolo(paixão).De repente eis que surge um homem extremamente charmoso na porta,alto,olhos azuis , cabelos compridos e bem penteados ,de blusa vermelha e calça...pérola, “quase branca”,pensa ela com o coração batendo forte.Entretanto, ao invés do rapaz maravilhoso se encaminhar em sua direção ,quem sai na frente é o baixinho mirrado sentado no balcão ,ela não sentiria sua presença se não fosse por um detalhe, “Lara” ele lhe fala com a voz que ela venera.Com uma expressão de incredulidade a menina se vira para o homem e nada diz,não tem voz!apenas o analisa : baixo,cabelo curto( sem corte definido),boca rasgada e os olhos...eles eram realmente verdes,mas estes não possuíam expressão.Lara o definiu com um nada!um nada que não merecia atenção.Olhou novamente para o outro lado procurando o lindo homem que adentrara a pouco o restaurante,e o viu encaminhar-se para outra mesa.Olhou de volta para o homem(ou quase homem) a sua frente e teve grande vontade de chorar,mas não disse nada.Ele perguntou se podia sentar-se,perguntou com a voz do Sergio,mas definitivamente não era o Sérgio!Pelo menos não o Sérgio dela,era totalmente surreal ,parecia dublado . Ela apenas afirmou com a cabeça que sim, fazendo tremendo esforço.Depois disso Trocaram poucas palavras,Lara pediu uma suco de laranja - que não “descia” - e ele uma cerveja americana.O rapaz fez algumas perguntas ,Lara limitava-se a responder “sim” ou “não”,e nada perguntava de volta.Por fim se despediram com extrema formalidade e a garota voltou arrasada pra casa ,trancou-se em seu quarto e chorou como nunca havia antes chorado.

Foi um grande baque para aquela menina tão nova e com tantas expectativas.Depois desse dia ela nunca mais escutou o “romântica madrugada“ ,com Sergio Meneses.Acho que ela nunca mais ligou o radio,é o que dizem,ficou profundamente sentida.


A ideia surgiu rapidamente ,percebi que ali ,naquele momento poderia criar e recriar prosas ,inspirada em pessoas reais - amigas, inimigas,admiradas - ou simplesmente inventadas.Foi-me entregue a chave do portal, onde existe o planeta do fantástico , do dramático e do feliz.
um dos primeiros contos,uma das primairas soluçoes...


Camila Marinho

quinta-feira, 16 de abril de 2009

COACERVADO...

Vivenciar uma experiência pode ser exemplificado como "olhar com os olhos de ver" determinados conceitos que antes eram, somente, reproduzidos por outrem sem de fato provocar uma reflexão original. Ser tocado pela experiência é , antes de mais nada , estar preparado para vivê-la. Ela é o que nos toca e para isso é necessário não se permitir ser engolido pelo tempo , mas parar , pensar, ser paciente ,observar sobre perspectivas diversificadas e sentir...

Escrever é experimentação divina , árdua , saborosa , delicadamente agridoce e feliz.Um único ser com diversos mundos em si , sentindo a beleza do sofrer como se percebe a terra sob os pés; quente , às vezes úmida , passageira , agreste. Todavia presenteia o olhar com sua graciosa caridade de nos servir.

Amanda Palma e Camila Marinho.