sábado, 25 de abril de 2009

E o cágado fugiu...

- Ultimamente “amadurecer e envelhecer” têm sido temas constantes na minha vida. Acredito que as várias mudanças que ocorreram nos últimos tempos tenham me feito refletir bastante sobre essa história de “amadurecer”. Sempre pensei que seria uma mudança radical e que eu estaria completamente diferente quando isso acontecesse. Hoje, vejo que não.
Amadurecer é complexo. E muito! Não é simplesmente ver o mundo de outra forma, é conseguir perceber as transformações que acontecem ao nosso redor e sentir que as mesmas interferem no íntimo. É realmente saber estar aberto a aprender, disposto a conhecer outras pessoas, principalmente as que se apresentam bem diferentes de nós e que já estabelecemos certo preconceito. Ter entusiasmo em superar as barreiras que nos prendiam em nosso universo pré-estabelecido.
Além de tudo disso, estar disposto também a conhecer melhor aqueles que nos rodeiam há tanto tempo, que sempre fizeram parte de nossas vidas e que julgamos imprescindíveis para a nossa existência. Com as mudanças vindas com o tempo é essencial ver essas pessoas sob um novo olhar. Aí se faz necessário usar “esse amadurecimento” para conseguir compreender uma das fases mais difíceis da vida: envelhecer.
É incrível o quão complicado é aceitar a velhice. Por mais que se recriminem todos esses casos de violência na mídia, ninguém consegue enxergar a violência psicológica que é quase sempre comum em muitas famílias.
Admito que não é nada fácil conviver com idosos, mas quem são eles se não nós mesmos um pouco mais a frente? É complicado entender essas mentes desgastadas pelo tempo, muitas vezes atormentadas por remédios e, claro a teimosia que nos acompanha durante a vida e tem seus ápices na infância e na velhice.
Nada pior que a impaciência para lidar com a teimosia...Tudo se torna irritante, qualquer suspiro, qualquer palavra e quem sabe até o pensamento.
Assim, a convivência para alguns é insuportável e nada que o idoso diga tem valor, simplesmente porque às vezes a memória trai, as histórias se confundem quando contadas aos seus descendentes – eu, por exemplo, ouvi recentemente que os cágados (que na realidade morreram), personagens de um “causo” familiar, ganharam um novo “destino” na mente da minha querida: para ela, eles fugiram pelo portão e desceram a ladeira...
Acho que eles devem ter fugido mesmo, levando consigo a tolerância e a coragem de admitir que todos nós estamos ficando velhos.

Amanda Palma

Ps.:A música diz tudo: "Queria ter aceitado as pessoas como elas são".



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